Friday 23 May 2008

Little favours

Palavras ditas pra ninguém ouvir. Frases conhecidas pra ninguém dizer. Falso amor plastificado, que se deixa empoeirar no fundo da última prateleira de devoluções. Falsas esperanças inúteis, que morrem tão cedo quanto a minha gratidão. As tardes de inverno demoram mais a derreter, porque eu resolvi cortar relações com o sol. O tempo demora a passar, porque eu resolvi que não vou mais crescer. O querer se tornou não precisar e eu continuo a não desejar seguir o caminho das suas mãos.O sentir se tornou não tocar e eu continuo a desviar os olhos do longa-metragem que foi o nosso caso. Acho que ainda tenho a nossa caixa de presentes, com as mesmas palavras rasgadas e pétalas de sentimentos que você deixou quando saiu pela porta da sala. Acho que ainda tenho seus olhares gravados, e é quando eu ponho suas fotos na vitrola pra tentar esquecer tudo o que você me disse na galeria de arte. O telefone toca e deixo tocar. Alguém bate na porta e deixo esmurrar. Ouço a buzina e deixo buzinar. Escuto pedras na janela e deixo apedrejar. Poderia até ser você. E é isso que me deixa deixar pra lá.

Thursday 22 May 2008

And here we go again

Aqui estamos nós de novo, correndo atrás do amor que esquecemos no quarto do hotel.
E aqui vamos nós de novo, você com todo o seu fracasso e eu transbordando de esperança.
Uma única vez eu gostaria de nos ver admitindo que não formamos um belo par. Uma única vez, eu gostaria de estar comigo sem estar com você.
Quando se considera certas coisas, tem que ser considerado com a mesma intensidade, senão tudo perde o sentido e já não é tão gracioso quanto antes.
Nós podíamos conversar sobre todos os tipos de assuntos, mas você simplesmente preferiu se calar e deixar que eu me calasse também.
Ninguém é sempre tão forte quanto parece, e sou um tanto suspeita pra falar de fraquezas.
Essa sua mania de transformar tudo em música confundiu minha cabeça. E eu até fazia aula pra aprender a decifrar nossa partitura, mas os acordes continuam se desfazendo aos poucos, e lentamente diminuem o volume da minha canção.
Não daria certo nem se você pudesse repetir a parte que eu perdi. Porque a gente não é do tipo que dança mais de uma vez.

Tuesday 13 May 2008

Don't wait up for me

Quanto mais tempo eu tenho, menos me importo com ele.
Não me interessa saber pra onde eu posso ir ou o que eu posso fazer. Eu apenas prefiro pensar que no final tudo estará feito por mim ou por qualquer um que se disponha.
Eu tenho atrasado o meu relógio só pra parecer que sempre estou com pressa.
Mentira. Eu tenho todo o tempo do mundo pra fazer qualquer coisa que der na minha telha.
Eu sempre pensei que ninguém é feito só de palavras.
Mas quando se trata de mim , acho que não me faço nem de vontades.

Sunday 4 May 2008

When the show is over

Vejo o vento levar as folhas, e como seria bom se eu pudesse me juntar a elas.
Eu gostaria de gritar algumas palavras, mas o egoísmo fala mais alto e eu prefiro guardá-las para mim.
Percebo que elas escaparam das minhas mãos pela necessidade de serem ouvidas, assim como um tornado corre desesperadamente em busca de alguma terra firme e livre de estragos.
Eu pude saber quando tudo mudou de cor.
E ousaria dizer que é coisa mais empolgante que já vi desde sempre.
Eu sinto que não me falta mais nada.
Estou vazia, e completamente preenchida.
Mas ainda preciso de inspiração.
Sinto que perdi os poderes.
Os que nunca tive.
Os que nunca mais terei.
Quero um jogo que desafie meus limites.
Que não determine personagens.
Qualquer um.
Que não exija formalidades.

Saturday 3 May 2008

It gets me so down, down, down, down ♪

Acordei com a voz dos meus pensamentos, corri para a praia na esperança de te ver uma última vez, mas me deparei apenas com uma grande onda de dúvida que parecia não querer parar de crescer.
Eu deveria ter te ligado apenas pra ouvir você dizer oi, te encontrado apenas pra ver seu sorriso, me declarado apenas pra dizer que tentei.
Mas eu certamente já não tenho idade pra esse tipo de aventura, é tanta coisa pra fazer que eu me canso só de pensar.

Very loud

Na maioria das vezes, eu finjo que sou quem gostaria de ser.
Na maioria das vezes, eu sou quem eu gostaria se ser.
Na maioria das vezes, é exatamente o contrário.
Eu posso ser quem eu quiser.
Eu posso acordar de manhã cedo todos os dias e escolher que personalidade quero ter.
Posso escolher a máscara que quero usar e em que tom vou pronunciar frases inúteis.
Posso lembrar que tenho que esquecer, e pensar que não preciso pensar em nada.
Posso sorrir querendo chorar, e posso chorar de felicidade.
Posso te abraçar com uma apunhalada, e simplesmente querer te ver no chão.
Posso fingir gostar do seu jeito, ou posso querer te matar ironicamente.
Posso fazer o que quiser, e mais tarde jurar que não sei de nada.
Posso dizer que te amo, e odiar saber que te convenci.
Posso esquecer a minha fala, posso sair de cena no meio da peça.
Eu posso tudo no meu espetáculo.
O problema é que eu odeio atuar.

Friday 2 May 2008

Fiasco

As somebody once said there’s a difference between a failure and a fiasco.
A failure is simply the non-presence of success.
Any fool can accomplish failure.
But a fiasco...
A fiasco is a disaster of mythic proportions.
A fiasco is a folktale told to others that makes other people feel more alive, because it didn’t happen to them.

Dizem que vemos as coisas como nós somos e não como elas são.
Tá explicado o motivo pelo qual eu nunca gostei do que as coisas me aparentam ser.
Todos sempre acham que eu não tomo atitudes porque eu só tenho quinze anos.
Mentira. É que eu realmente fico esperando a mudança bater na minha porta.
Às vezes eu me pergunto o que diabos eu faço aqui, já que nem pra maioria das pessoas eu ligo. Já que eu preferia passar a minha vida inteira surda a ter que ouvir essa gente falando um monte de besteiras que eu nem pedi pra saber, ocupando o meu HD com coisas inúteis que nem me dizem respeito.
Eu não deveria estar falando isso, vai que eu morro amanhã e não vou para o paraíso depois do juízo final?
Mas o meu medo nem é morrer e não ir pro paraíso, é morrer e ir pro inferno e o inferno ser esse inferno que dizem ser.
A verdade é que eu não dou a mínima pra vida eterna.
E quero mais é que o mundo acabe em cama pra eu morrer dormindo.
Talvez isso seja um pouco de comodismo da minha parte.
Talvez isso seja muito comodismo da minha parte.
É mesmo muito comodismo da minha parte.
Mas essa é outra coisa pra qual eu também não dou a mínima.
Disseram-me uma vez que o comodismo consciente é um comodismo saudável.
E eu incorporo todo aquele ar de velho sábio e afirmo essa afirmação apenas pra tirar um tremendo peso das minhas costas.
Só porque eu prefiro dizer não tenho tempo pra pensar nos problemas porque estudo pro vestibular, quando na verdade eu estou só passando os olhos na matéria.
No fim das contas eu até que acho graça disso tudo. Da pessoa que eu vejo e de como eu não me incomodo nem um pouco em ver.
Deve ter um pouco de ironia nisso tudo, afinal, somos quem podemos ser.
E eu sei que eu posso ser muito mais.
Mas deixa pra amanhã, porque já passou das duas, e tá chovendo e eu acabei de acordar e sabe como é né? Ninguém pensa direito numa sexta à tarde.