Sunday 23 October 2011

Two bodies, one heart.

Já havia algum tempo que estavam nisso. Uma vez a cada dois meses. Era só o que eles conseguiam ter. Compromissos, reuniões no trabalho, problemas com a família, viagens inadiáveis. Tudo parecia mais importante. Não era. Toda aquela mudança havia feito com que não fossem mais as mesmas pessoas. Estavam adultos, mesmo sem ser. O relacionamento tinha mudado. E de alguma maneira, o sentimento também estava diferente. Tinha crescido, amadurecido e agora poderia dizer-se responsável por fazer as coisas darem certo.
Eles não tinham tempo. Ela não tinha tempo. Passava o dia obedecendo ordens com as quais não concordava, mas estava ali pra isso e precisava aceitar. Ele continuava lá pra ela, esperando o momento em que o telefone iria tocar e eles teriam apenas quinze minutos para trocarem juras de amor. Não acontecia sempre. As discussões estavam mais frequentes. Pra quem nunca tinha brigado, estavam brigando por anos de namoro. Todo dia, quase o tempo inteiro, por quase tudo. Ela acreditava que era porque não viviam a mesma vida, pois brigavam por coisas externas, que nada tinham a ver com o fato de terem nascido um para o outro. Ele achava que ela não se importava o bastante. Feliz seria o dia em que se descobriria completamente errado.
Três meses já tinham se passado e todos os dias ela se perguntava se iriam sobreviver. Ela sabia que continuaria aguentando, mas da parte dele não tinha tanta certeza. Foram várias as vezes em que ele demonstrou e disse estar cansado daquilo, mas ainda assim suportava tudo como a pessoa forte que era. Três meses já tinham se passado e eles continuavam ali. Uma vez a cada dois meses. Desejando e esperando o dia em que esses meses se tornariam minutos. Segundos. Batidas de um mesmo coração.